quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Amadeo de Sousa Cardoso

Nasceu em 1887 em Manhufe, perto de Amarante. Em 1906 partiu para Paris, acompanhado de Francis Smith, para estudar Arquitectura, curso que abandonou para se dedicar mais ao desenho e à caricatura. Assim, em 1908 começou a frequentar a Academia Vitti, onde tinha professores como o pintor espanhol Anglada Camarasa. Também por esta altura, o seu atelier na Cité Falguière começou a ser ponto de encontro de artistas a residir em Paris. Privou com Amadeo Modigliani, Max Jacob, Robert Delaunay e Archipenko, cuja arte interiorizou para poder usar a sua base teórica na investigação plástica que então desenvolvia (por volta de 1910). Essa concentração de coisas diferentes pode ser observada na sua obra pictórica, que atravessou quase todos os movimentos estéticos de ruptura com a arte tradicional: cubismo, expressionismo, futurismo (...) – o pintor experimentava e interpretava as diversas correntes estéticas do século XX segundo uma perspectiva pessoal.
Cerca de 1911, o pintor começa a encontrar aquele que viria a ser definido como o seu estilo pessoal, ponto de contacto entre as pesquisas pictórica e gráfica. Por volta de 1912, publicou em Paris XX Dessins e ilustrou A Lenda de São Julião Hospitaleiro, de Flaubert. Em 1913 foi um dos artistas do Salão de Outono na galeria Der Sturm, em Berlim – este é um momento crucial para perceber os trabalhos expressionistas que então desenvolve —, tendo também exposto noutras cidades alemãs, como Munique, Hamburgo e Colónia. No mesmo ano é convidado para integrar a I Exposição de Arte Moderna, o Armory Show. Em 1915, devido à eclosão da I Guerra Mundial no ano anterior, regressa a Portugal. É durante esse período que desenvolve parte dos projectos (exposições) comuns com o casal Delaunay (que então habitava em Vila do Conde). Também por esta altura se iniciou a amizade com Almada Negreiros e o grupo do Orpheu, órgão principal do futurismo português.
Em 1916, realiza a sua primeira exposição individual em Portugal, intitulada Abstraccionismo (descrita por Almada Negreiros como exposição “impressionista, cubista, futurista, abstraccionista”), e publica o álbum 12 Reprodutions. Em 1917 entra no Dadaísmo, com os trabalhos de colagem que então inicia.
Morreu ainda novo, em 1918, vítima de gripe espanhola (peste da pneumónica). No entanto, a obra que construiu em poucos anos aponta-o como um dos mais importantes artistas modernos portugueses.


Sem comentários:

Enviar um comentário